Com a pandemia do novo coronavírus, muitas empresas se viram obrigadas a criar um e-commerce para não perder suas vendas. Neste artigo, vou falar sobre por onde começar a sua loja virtual, isto é, o planejamento para colocá-la no ar.
Durante a minha carreira, tive a oportunidade de participar do projeto de criação da loja virtual da Livraria da Folha, da Folha de S.Paulo. Isto aconteceu em 2008-2009. Nesta época, era muito difícil e caro criar sua loja virtual. Você precisava de um programador (ou uma equipe deles), de uma logística de armazenamento e entrega bem complexas, um time de marketing e conteúdo enorme, entre outras coisas.
Claro que hoje você ainda precisa pensar sobre todos esses pontos ao criar seu e-commerce, mas com o passar dos anos, tudo ficou mais democrático e rápido. Você não precisa mais de uma grande equipe para fazer tudo isso. Hoje existem inúmeras ferramentas gratuitas e pagas que auxiliam na criação de uma loja virtual de forma muito mais prática.
Por isso, vou falar hoje sobre todos os passos do planejamento da criação de um e-commerce:
1. O que você vai vender no seu e-commerce?
Isso pode parecer meio óbvio, mas não é tanto assim. Se você já vende na loja física, fica um pouco mais fácil. Você vai precisar fazer um inventário dos seus produtos e dividi-los em categorias. Por exemplo: digamos que você vende roupas femininas. Você vai fazer o levantamento de todas as peças e dividi-las em categorias: saias, calças, blusas, blazers, vestidos, etc. Você pode criar também categorias por marcas (se for relevante para o seu negócio).
Neste momento, você pode começar com um tipo de produto e já planejar a expansão para outros itens, conforme os resultados obtidos. Vou voltar ao exemplo da Livraria da Folha – ela começou vendendo livros. Com o passar do tempo, começou a vender DVDs e outros produtos. Mas isso já havia sido pensado desde o início.
Outra questão a ser pensada: um mesmo produto pode ter muitas variáveis (cores diferentes, tamanhos diferentes, sabores diferentes, etc). É importante saber que isto poderá impactar no seu e-commerce e na forma de armazenamento.
Ter essa “árvore” de produtos e categorias ajudará bastante na hora de cadastrá-los no site. E também vai auxiliá-lo na hora de definir os próximos passos como envio e armazenamento.
2. Pense sobre os seus diferenciais

Não basta ter um negócio. Você precisa pensar sobre o que o torna diferente dos demais. Vou retomar o projeto da Livraria da Folha, do qual participei.
Já existiam várias outras livrarias e sites que vendiam livros na época – Saraiva, Submarino, Livraria da Travessa, entre outras. Só que a proposta era aproveitar o know how da Folha de S.Paulo em produzir conteúdo e levar tudo isso para a livraria. A ideia era criar matérias, podcasts, vídeos e outros materiais sobre os livros.
Então, fica a reflexão: pense sobre os pontos fortes do seu negócio e de que forma você pode entregar algo diferenciado para seu cliente. Inove! O diferencial pode estar no seu produto, na sua loja, na forma como você vende ou na experiência que você proporciona. Mas é preciso ter um!
3. Reflita sobre o seu público e seus desejos
Algo que é bastante comum acontecer com empreendedores ao criar um negócio: eles pensam muito mais em si mesmos, no que gostam de fazer e em suas próprias necessidades do que nas de seus clientes. E isso leva muitas empresas à falência, infelizmente.
Por isso, antes de criar qualquer negócio – seja ele virtual ou não – pense sobre as seguintes questões:
- Quem é o seu público: quem são estas pessoas? Qual é a idade? Onde moram? Qual é o sexo? Do que elas gostam? O que elas fazem no dia a dia? Que lugares elas frequentam? De quais assuntos elas gostam? Elas usam redes sociais? Quais? Como consomem informação? Como se comunicam?
- Seu público x seu produto: quais necessidades destas pessoas meu produto atende? Que dores ou problemas meu produto ajuda a resolver? Que diferença meu produto fará na vida destas pessoas?
Ao fazer esta análise, você terá um estudo breve sobre seu público e isto ajudará a sua marca a se comunicar com estas pessoas.
4. Defina como será o estoque/armazenamento dos produtos

De forma geral, os e-commerces que estão começando ou com operações menores têm seu estoque em casa ou na própria loja física. Mas é importante escolher um local adequado para a armazenagem dos itens, para que não haja danos – evitar lugares com umidade/mofo ou com muita incidência de sol. Para quem trabalha com produtos perecíveis ou com plantas, este fator se torna ainda mais importante.
É importante ter um software para controlar o estoque de produtos também.
5. Defina a forma de envio
Existem diversas formas para fazer o envio do seu produto:
- Correios;
- Parceria com empresas de logística;
- Retirada na loja física (para quem possui);
- Motoboy;
- Entrega própria (indicada para quem tem negócios menores/locais).
Para escolher a melhore opção, é preciso levar em conta alguns fatores:
- Tipo do produto – ele é perecível? Pode estragar durante a entrega?
- Tempo de entrega
- Valores do frete para diferentes regiões
Outro detalhe importante é sobre a dinâmica de devolução – é preciso avaliar como será feita e quais as condições necessárias para que isso aconteça.
6. Defina a plataforma para seu e-commerce

Como falei anteriormente, para ter um e-commerce antigamente, você precisava de um programador, alguém que entendesse muito de programação para criar sua loja virtual. Claro que em projetos mais robustos e e-commerces maiores, é fundamental ter este profissional na equipe. A grande diferença de ter um programador no seu projeto é que ele poderá fazer ajustes recorrentes quando necessário, tirar dúvidas e prestar uma consultoria.
Mas para quem está começando uma loja online ou para quem tem um negócio pequeno, hoje já existem diversas plataformas online que ajudam a criar uma loja virtual de forma fácil e intuitiva. Dentre elas estão o Wix, Nuvemshop, Shopify, etc. Algumas delas são gratuitas, outras pagas e outras são gratuitas com algumas funções pagas. Para quem está começando e quer testar, sugiro optar pelas gratuitas.
Independente da plataforma escolhida, é importante que seu site tenha o certificado de segurança SSL. Isto grantirá maior segurança aos seus clientes.
7. Cadastro dos produtos
Conhecer bem o seu produto é fundamental para cadastrá-lo. Para uma melhor experiência online e para evitar devoluções ou insatisfações dos clientes, o ideal é que você mencione o maior número de atributos possíveis para o produto. Listamos aqui algumas possibilidades:
- Tamanho/dimensões;
- Cores;
- Modelagem (para quem trabalha com roupas);
- Uma descrição completa do produto. Pontos extras para quem souber descrever o produto com “bossa” – uma descrição bonitinha pode ajudar nas vendas;
- Materiais usados no produto/ingredientes/detalhes técnicos;
- Para quem vende roupas – é legal ter um provador virtual. Trata-se de uma ferramenta na qual a pessoa coloca suas medidas e ele sugere um tamanho;
- Vídeos;
- Boas fotos- mas cuidado para não ficarem muito pesadas;
- Para quem vende roupas: alguns e-commerces têm optado por colocar as medidas das modelos das fotos, para que as pessoas tenham certa noção;
- Também para roupas: instruções de lavagem;
- Para produtos eletrônicos: voltagem, garantia, características dos produtos como sistema operacional, memória, etc.
Além de toda a parte do produto, a página pode conter também produtos relacionados, avaliações dos clientes, possibilidades de combo, entre outras funcionalidades.
8. Crie uma experiência

A primeira vez que comprei na loja Amaro, tive uma grata surpresa: a roupa chegou para mim em uma caixa linda, parecia um presente. Depois, por questões de sustentabilidade e custos, creio que deixaram de usar este tipo de embalagem. Há lojas que mandam bilhetinhos personalizados ou mimos para os clientes. Tudo vai depender da sua criatividade e orçamento disponível!
9. Comunicação & Marketing para e-commerce
Para começar a vender, é fundamental divulgar. Para isso, existem diversas formas e canais. Confira:
- Blog para e-commerce: ter um blog na sua loja virtual é uma ótima forma de trazer visitantes de forma orgânica para o seu site. Isto é, sem pagar por isso. Quanto mais conteúdo, melhor. E é importante conhecer as principais dúvidas dos seus clientes e criar conteúdo sobre isso para gerar tráfego para seu site.
- Redes sociais: saber trabalhar as redes sociais é essencial para fazer seu e-commerce vender bem. Crie posts, grave stories, faça acontecer! O importante é saber direcionar o seu conteúdo para a persona certa – isto é, o público que vai consumir seu produto.
- E-mail marketing: embora muita gente ache que o e-mail morreu, ele ainda traz muito resultado. E é uma ótima forma de criar vínculo com o seu público. Mas cuidado: não desperdice essa oportunidade de contato para falar de coisas desinteressantes. Use com sabedoria e parcimônia.
- Vídeos/YouTube: os vídeos são uma ferramenta poderosíssima para vender. Eles podem ser usados para demonstrar seu produto/serviço, assim como criar conteúdos que tenham relação com os valores e atributos da marca ou para esclarecer dúvidas comuns dos clientes.
- SEO: se você nunca ouviu falar neste termo, trata-se de um conjunto de técnicas que melhoram o posicionamento de um site nas páginas de resultados naturais nos sites de busca como Google. Vale a pena contratar um profissional para realizar este trabalho.
- Anúncios pagos: antigamente, as marcas tinham que gastar uma fortuna quando queriam anunciar – e as únicas possibilidades eram TV, Rádio, Jornal ou Revista. Hoje o Google, o Facebook e o Instagram já oferecem diversas possibilidades para quem quer anunciar, com valores bem mais acessíveis.
- Assessoria de imprensa e RP: dependendo do seu segmento, você pode trabalhar a divulgação dos seus produtos através da imprensa e de influenciadores. Veja aqui como funciona o trabalho da assessoria de imprensa.
